sexta-feira, 24 de outubro de 2014

TICs 2014 - Unidade 3: Currículo, projetos e tecnologia


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Unidade 3:

Currículo, projetos e tecnologia

Olá, Cursista!

Nesta unidade do curso Tecnologias na Educação: ensinando e aprendendo com as TIC, focaremos, com dedicação, as práticas de integração das tecnologias ao currículo; em especial, ao estudo da pedagogia por meio de projetos, a partir dos quais dialogaremos sobre os conceitos de currículo, projetos e outros relacionados à integração das tecnologias ao currículo ou que possam emergir no andamento das atividades.

Contextualização

Ao longo deste curso e talvez de cursos anteriores que, porventura, tenha realizado, certamente você observou que a pedagogia que se vale da metodologia por meio de projetos, integrando o uso das tecnologias de informação e de comunicação, é adotada em diversos programas de formação desenvolvidos pela SEB/MEC.

Neste curso, também defendemos a proposta de projetos como uma abordagem pedagógica adequada à integração da realidade do aprendiz ao currículo de trabalho na escola.

Com esse referencial pedagógico delineado, precisamos avançar rumo à sua concretização. Assim, uma primeira etapa no caminho da realização de um projeto é reconhecer aspectos presentes na vida pessoal, social, política de nossos alunos, que nos permitam identificar inquietações, desejos e necessidades de aprendizagem. Será que conhecemos a realidade de nossos alunos? Reflita sobre isso com seu grupo e realize a primeira atividade desta Unidade.

Leitura básica para a realização da atividade

Vamos iniciar pela leitura de uma entrevista com Pedro Demo, concedida em 07 de julho de 2008 ao Jornal Nota 10, de Curitiba, sobre o tema “Os desafios da linguagem do século XXI para a aprendizagem na escola” – que se encontra no final desta Unidade. Nessa entrevista, ele nos instiga a refletir sobre o desafio da superação do descompasso existente entre a cultura cotidiana do aprendiz e aquela vivenciada na escola.


Atividade 3.1


Contextualizar a mudança

Diante da necessidade de dialogar e compreender a realidade dos estudantes, reflita juntamente com um colega sobre as questões apresentadas a seguir. Posteriormente, explicite seu ponto de vista produzindo um pequeno texto a ser compartilhado no DIÁRIO DE BORDO.

Pontos para sua reflexão:

    • Desenvolvo uma prática dialógica com meus estudantes? Ouço suas ideias, dúvidas, curiosidades?
    • Quais são as estratégias que utilizo e/ou considero que podem ser úteis para estabelecer um ambiente de livre expressão que favoreça o diálogo? De que forma as tecnologias podem auxiliar nisso?

É importante você debater as questões propostas com seus colegas. Ao terminar o debate, você poderá escrever e socializar uma mensagem, listando as estratégias identificadas pelo grupo, como resposta para a segunda questão.

Importante: lembre-se de que a primeira questão, proposta para reflexão, tem um caráter de autoavaliação de sua prática. Dessa forma, ao invés de compartilhar com seus colegas, guarde em seu Diário de Bordo, a fim de que lhe sirva como reflexão constante, de modo que sua atuação, em classe, possa melhorar cada vez mais.

Desejamos que esta unidade seja encarada como uma aventura de exploração de novos mares e que você possa mergulhar fundo em novas aprendizagens a fim de enriquecer as áreas de conhecimento em que atuam com novas propostas de trabalho, fazendo das tecnologias suas parceiras no processo de inovação curricular. Vamos em frente, caminhando de mãos dadas nessa aventura!

Assim, nós o convidamos a ler um trecho do poema “Mãos dadas”, de Carlos Drummond de Andrade (2000 [1940]):

Mãos dadas

Não serei o poeta de um mundo caduco.

Também não cantarei o mundo futuro.

Estou preso à vida e olho meus companheiros.

Estão taciturnos, mas nutrem grandes esperanças.

Entre eles, considero a enorme realidade.

O presente é tão grande, não nos afastemos.

Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.


Como já estudamos na Unidade 1, a Aprendizagem demanda estudo, planejamento, criticidade, bem como uma boa dose de ousadia para experimentações; portanto, sugerimos que você utilize todo seu potencial criativo e ouse na realização da próxima atividade.

Atividade 3.2

Contextualizar a mudança - da teoria à prática

A proposta, aqui, é planejar e executar uma atividade junto aos seus estudantes, visando ao aprimoramento da interação e do vínculo entre vocês, a partir de um maior conhecimento da turma e da possibilidade de identificação de desejos e necessidades de aprendizagem do grupo. Para isso, tome como referência os procedimentos explicitados nesta atividade no Ambiente Virtual e não tenha receio de solicitar ajuda ao formador quando julgar necessário.


Vamos adiante aos estudos teóricos!

Consideramos pertinente contextualizar o uso das tecnologias no Brasil, de forma que você tenha maior clareza das diferentes implicações envolvidas em abordagens pedagógicas distintas. Assim, ao ler os textos sugeridos, tente reconhecer as formas de interação, participação e autonomia do estudante no trabalho com o currículo na Pedagogia de Projetos.

Um pouco da história

O uso de tecnologias na escola pública brasileira iniciou-se timidamente, com projetos pilotos em escolas no final de 1980. Nesses projetos, algumas experiências ocorriam com o uso do computador em atividades disciplinares e muitas outras eram extracurriculares e ocorriam em horários diferentes daqueles em que os alunos frequentavam a escola. Nas duas situações, era possível observar que as práticas apresentavam-se com base em uma das seguintes abordagens: instrucionista, na qual o computador pode ser usado na educação como máquina de ensinar ou como máquina para ser ensinada; ou construcionista, por meio da qual o aluno constrói, por intermédio do computador, o seu próprio conhecimento.

Na visão instrucionista, o uso do computador como máquina de ensinar consiste na informatização dos métodos de ensino tradicionais. Alguém programa no computador uma série de informações e elas são passadas ao aluno na forma de um tutorial e de exercício e prática.

No construcionismo, a construção do conhecimento acontece na realização de uma ação concreta que produz um produto palpável, como um artigo, um projeto, um objeto, de interesse pessoal de quem produz (VALENTE, 1999, p.141).

Tivemos, evidentemente, um momento em que a abordagem construcionista ganhou espaço em sala de aula, contudo cabe ao professor orientar o aluno para que ele possa ter acesso a informações em diferentes fontes – livros didáticos e paradidáticos, revistas, jornais, internet, filmes, programas de rádio, especialistas, entre outros –, a fim de atribuir-lhes significados e construir conhecimento. Através do diálogo, o professor pode entender o mundo do aluno e identificar os conhecimentos que ele traz do cotidiano. Ademais, pode orientá-lo para que possa reconstruir significados e formalizar o conhecimento cotidiano como conhecimento científico. É, com efeito, papel da escola trabalhar com o conhecimento científico, mas isso não significa empurrar para o aluno o conhecimento abstrato e sim realizar um trabalho pedagógico a partir do conhecimento que o aluno demonstra possuir, a fim de que ele possa se desenvolver e atingir o novo patamar do conhecimento científico sistematizado.

Vale lembrarmos que a prática concreta não se desenvolve exclusivamente em uma dessas abordagens. Valente (1999) comenta, por sua vez, que a prática oscila entre esses dois eixos, instrucionismo e construtivismo, mas há sempre um eixo predominante, o qual se relaciona com as concepções do educador sobre conhecimento, ensino, aprendizagem e currículo.

Conforme estudamos na Unidade 1, o uso de tecnologias nas atividades de distintas naturezas provoca avanços na ciência e nos conhecimentos que exigem a abertura da escola aos acontecimentos e a sua integração aos diferentes espaços de produção do saber, o que implica em flexibilidade do currículo – poispassa a ter uma visão mais ampla e integradora entre os conhecimentos sistematizados e aceitos socialmente e os conhecimentos que emergem no contexto–, na vida das pessoas, nas diferentes linguagens de comunicação que fazem parte da cultura.

Deixemos, todavia, para trabalhar com a concepção de currículo a partir de práticas que vivenciaremos ao longo desta unidade. Por ora, vamos compreender as abordagens construcionista e instrucionista e situar o trabalho com projetos no bojo dessas concepções.

O construcionismo e a pedagogia por projeto

Uma forma de favorecer o aprendizado do aluno na abordagem construcionista usando os recursos tecnológicos é por meio da pedagogia de projeto. No que concerne a essa questão, Prado (2005) assevera que

A pedagogia de projeto deve permitir que o aluno aprenda-fazendo e reconheça a própria autoria naquilo que produz por meio de questões de investigação que lhe impulsionam a contextualizar conceitos já conhecidos e descobrir outros que emergem durante o desenvolvimento do projeto. (PRADO, 2005, p.15).

Na situação de aprendizagem com projeto, o que o aluno pode vivenciar?

A aprendizagem não se restringe à acumulação de conteúdos ou a doses de informações isoladas. Ela é, efetivamente, um processo que ocorre de modo diferente em cada pessoa, que, por sua vez, está inserida em um contexto sócio-histórico. Logo, a aprendizagem ocorre nas interações que se estabelecem em um meio social, com as pessoas e com os instrumentos desse meio, percorrendo múltiplos caminhos e utilizando distintas linguagens de expressão.

Destacamos, ainda, que as metodologias tradicionais que se alinham com a abordagem instrucionista – centrada na transmissão de informações ao aluno por meio do livro texto, da exposição do professor ou de um software do tipo tutorial – impõem ou depositam as informações sobre o aluno, que tem poucas chances de sequer apreender tais informações, quanto mais construir conhecimento a partir delas.

Se, ao invés disso, as informações forem buscadas pelo aluno ou mesmo fornecidas a ele no decorrer de experiências ou a partir de vivências anteriores, será mais fácil de ele estabelecer relações entre essas situações e as informações, atribuindo-lhes significados por meio de um processo de aprendizagem significativa. Nessa abordagem pedagógica, a postura do aluno envolve: selecionar e articular informações; tomar decisões; trabalhar em grupo; gerenciar confronto de ideias; aprender colaborativamente com seus pares; fazer indagações; levantar dúvidas; estabelecer relações com o cotidiano, com aquilo que já sabe; e descobrir ideias e novas compreensões.

Conceito de projeto

A ideia de projeto envolve a antecipação de algo desejável que ainda não foi realizado; traz, igualmente, a ideia de pensar uma realidade que ainda não aconteceu. Projeto é, pois, uma construção própria do ser humano que se concretiza a partir de uma descrição inicial de um conjunto de atividades, cuja realização produz um movimento no sentido de buscar, no futuro, uma nova situação que responda às suas indagações ou caminhe no sentido de melhor compreendê-las.

Durante o desenvolvimento do projeto, o aluno tem a oportunidade de recontextualizar conceitos e estratégias, bem como estabelecer relações significativas entre as várias áreas de conhecimentos. Para isso, cabe ao professor adotar uma postura de observação e de análise sobre as necessidades conceituais que emergem no desenvolvimento de um projeto e desenvolver estratégias pedagógicas que possibilitem o aprendizado do aluno, tanto no sentido da abrangência como no sentido do aprofundamento. (FREIRE; PRADO, 1999).

O sentido da abrangência é representado pelo trabalho por meio de projeto, no qual as diversas áreas curriculares e as tecnologias se articulam e, o sentido do aprofundamento se refere às particularidades de uma área/disciplina. Importa frisarmos que ambos os sentidos – abrangência e aprofundamento – devem estar inter-relacionados e em constante movimento, com vistas a propiciar a compreensão da atividade pelo aluno e a possibilidade de desenvolver outros níveis de relações.

Projetos na prática

Temos consciência de que o uso de tecnologias de informação e comunicação – que surgiram separadas, depois convergiram e passaram a compor um único dispositivo – modificam profundamente o modo como desenvolvemos atividades. Vale lembrarmos que já discutimos as mudanças que a internet está provocando em nossa vida, nas compras, no sistema bancário, entre outras.

Neste curso, olhamos para a escola, as tecnologias, os projetos e o currículo etc.

Os projetos de trabalho que começam em sala de aula podem continuar em outros lugares e tempos, do mesmo modo que podem originar-se de acontecimentos externos à escola. Conforme discutimos anteriormente, é na interação com nossos alunos que poderemos descobrir temas pertinentes para projetos que possibilitem a aprendizagem significativa, sendo fundamental fazer a articulação entre a realidade do estudante em seu dia a dia e seus estudos na escola.

Nas atividades 3.1 e 3.2, buscamos facilitar esse diálogo pedagógico com seus alunos e possibilitar a identificação de conteúdos relevantes para serem desenvolvidos em Projetos.A próxima atividade objetiva, portanto, o planejamento de um Projeto a ser realizado com seus alunos.

Leitura básica – Indispensável para a realização da atividade

Antes de iniciar, realize a leitura do artigo com o qual pretendemos ampliar sua compreensão dos aspectos envolvidos no planejamento de um projeto.

Neste artigo, é descrito o funcionamento do Projeto Amora, do Colégio de Aplicação da UFRGS, que, há 12 anos, vem construindo um modelo de trabalho que visa ao desenvolvimento da autonomia e da criatividade dos alunos. Os Projetos de Aprendizagem, em que a criança desenvolve pesquisas a respeito de temas científicos, aliam esse objetivo ao uso de ferramentas de interação e intervenção suportadas por tecnologia e o uso de três ferramentas digitais: os blogs, os mapas conceituais (através do software CmapTools) e o Wiki.

Agora, avançaremos para a concretização da travessia, passando à experimentação da Pedagogia de Projetos. Sim, consideramos que você já está preparado(a) para essa ação! Assim, deixe de lado qualquer receio; confie no seu potencial e no apoio que receberá do formador e de seus pares, sempre que precisar.


Atividade 3.3

Temas de Projetos

Este é o momento para socializar os resultados da atividade 3.2, definir temas de projetos e formar grupos para esboçar o plano do projeto a ser desenvolvido em sala de aula.

A realização de um Projeto de Trabalho envolve diversas etapas, que, de forma simplista, podemos citar:

A duração de um Projeto varia de acordo com cada contexto, sendo influenciada pela abrangência e aprofundamento almejados para determinada turma – analisando-se conhecimentos prévios, possibilidades, currículo oficial etc. A disponibilidade de tempo é, também, uma questão central do planejamento e do estabelecimento de um cronograma com prazo final previsto para o Projeto. Acerca desse último aspecto, é relevante salientarmos que, muitas vezes, o término de um Projeto é o ponto de partida para outros; ou seja, com as descobertas e resolução de determinadas dúvidas, naturalmente surgem outras que poderão ser retomadas em Projetos posteriores.

No caso específico deste curso, nossas possibilidades e perspectivas de cronograma seguem os limites de tempo das unidades. Nas atividades anteriores desta unidade, você avançou a primeira etapa, no sentido de vislumbrar possibilidades de temas de pesquisa a serem desenvolvidos com seus estudantes. Na próxima atividade, passaremos ao planejamento geral do projeto.

Atividade 3.4

Elaboração de planos de aula para o desenvolvimento de projetos de trabalho com uso de tecnologias

Enfatizamos que esta atividade pode ser considerada como um “ponto alto” do curso, quando você aplicará, em sua prática, um amplo conjunto de aprendizagens construídas até aqui, acerca da utilização das TIC na educação como possibilidade de inovar a prática educativa e de ultrapassar as paredes da sala de aula e as limitações das grades de programação de conteúdo.

Assim, nesta atividade, passaremos ao planejamento geral do projeto, cujas etapas foram apresentadas anteriormente, para, na sequência, você realizar as atividades de pesquisa com seus estudantes.

Sugerimos que você tente finalizar a etapa de pesquisa ainda nesta unidade, visto que, na próxima, focaremos na aplicação dos estudos para auxiliá-lo na sistematização dos resultados do Projeto, aproveitando recursos audiovisuais.

Este plano poderá ser elaborado individualmente ou em grupos de professores de uma mesma escola, desde que se comprometam a desenvolver as ações de modo integrado. Para essa escolha, também é importante avaliar de que forma professores de diferentes disciplinas podem contribuir para que os estudantes tenham uma compreensão mais abrangente do tema, favorecendo a interdisciplinaridade, conforme estudaremos mais adiante. De uma maneira geral, é importante que você(s) tenha(m) em vista nesse planejamento:

    • os recursos estudados até o momento para a realização de pesquisas, coleta e registro de informações do projeto;
    • a elaboração de um plano de aula, conforme modelo disponível no Portal do Professor, que leve em conta os conhecimentos prévios da turma acerca da temática e contenha os questionamentos que originaram a pesquisa, as ações para o seu desenvolvimento, além das formas de avaliação;
    • a importância de seu compartilhamento no blog do curso ou em outro espaço a ser negociado com o seu formador.

O projeto na escola

Ao desenvolver projetos em sala de aula, apresenta-se a necessidade de se criar uma nova cultura educacional. Nessa perspectiva, a utilização das tecnologias e mídias potencializa a construção de redes de conhecimento e comunicação, bem como o desenvolvimento de projetos voltados para compreensão e para a resolução de problemas da realidade.

O uso das tecnologias e mídias no desenvolvimento de projetos favorece, efetivamente, uma nova visão educacional ao:

    • considerar a escola como um espaço privilegiado de interação social, integrada a outros espaços de produção do conhecimento;
    • promover a colaboração e o diálogo entre alunos, professores, gestores e comunidade;
    • construir pontes entre conhecimentos, valores, crenças, usos e costumes;
    • desenvolver ações em prol da transformação individual e social;
    • identificar o currículo construído na ação, por meio da análise dos registros digitais.


Essa nova visão educacional traz certezas provisórias e dúvidas temporárias no sentido argumentado por Fagundes e colaboradores:

A elaboração do projeto feita em parceria entre alunos e professores deve ser entendida como uma organização aberta, que articula informações conhecidas, baseadas em experiências do passado e do presente, com antecipações de outros aspectos que surgirão durante a execução. Essas antecipações representam algumas certezas e dúvidas sobre conceitos e estratégias envolvidos no projeto. (FAGUNDES, et al., 1999).

Em vista disso, vale pontuarmos que, na concepção de Prado (2005), “No momento em que o projeto é colocado em ação, evidenciam-se questões, por meio do feedback, comparações, reflexões e de novas relações que fazem emergir das certezas, novas dúvidas e das dúvidas algumas certezas”.

O Projeto e as integrações

O trabalho por meio de projeto potencializa a integração de:

    • diferentes áreas de conhecimento, ou seja, a multidisciplinaridade e a interdisciplinaridade; e
    • várias mídias e recursos, tais como livros, TV, rádio, computador, filmadora, celulares, tablets, lousa digital etc.

Lembre-se de que, no trabalho com projeto, desenvolvido na perspectiva integradora, o aluno pode expressar seu pensamento por meio de diferentes linguagens e formas de representação.

O Projeto e a interdisciplinaridade

O projeto também pode ser feito a partir de um conteúdo disciplinar. O importante é que o seu desenvolvimento não se feche em si mesmo. Acerca disso, Almeida (2002) destaca que

[...] o projeto rompe com as fronteiras disciplinares, tornando-as permeáveis na ação de articular diferentes áreas de conhecimento, mobilizadas na investigação de problemáticas e situações da realidade. Isso não significa abandonar as disciplinas, mas integrá-las no desenvolvimento das investigações, aprofundando-as verticalmente em sua própria identidade, ao mesmo tempo em que estabelecem articulações horizontais numa relação de reciprocidade entre elas, a qual tem como pano de fundo a unicidade do conhecimento em construção. (ALMEIDA, 2002, p.58).

Interdisciplinaridade

A interdisciplinaridade se caracteriza como uma categoria de ação. Assim, a integração entre disciplinas se faz na prática, no desenvolvimento do currículo que trata o conhecimento em sua globalidade. Essa atitude diante do conhecimento não elimina, evidentemente, as disciplinas como um corpo organizado de conhecimentos, mas estes podem se integrar a conhecimentos de outras disciplinas, no estudo de determinado fenômeno ou no desenvolvimento de um projeto. O uso de tecnologias permite, com efeito, retomar a visão de conhecimento em sua unicidade por meio do estabelecimento de ligações em redes que integram ideias, conceitos, experiências, padrões de distintas áreas e disciplinas, reconfirmando a relatividade da ciência e a noção de espaço-tempo.

Por sua vez, a divisão entre as disciplinas não é estática e ocorre à medida que se aprofundam os conhecimentos de determinada área cuja compreensão exige estudos especializados. Essa especialização tornou-se, contudo, tão intensa que os vínculos entre as disciplinas se perderam, e cada uma delas passou a ser ministrada isoladamente na ótica de um corpo teórico que perdeu a ligação com a prática e de uma estrutura de sistema de ensino que se apoia num quadro de professores e de horários preestabelecidos para cada disciplina.

Julgamos, ainda, pertinente ressaltar que a pessoa aprende quando estabelece relações entre novas informações com conhecimentos que possuía e constrói novos significados. Isso ocorre tanto no âmbito de uma disciplina como na integração entre disciplinas.

Atividade 3.5

Desenvolvimento de projetos de trabalho em sala de aula com a integração de tecnologias ao currículo

Orientações para o desenvolvimento da atividade

    1. Desenvolva o Projeto previsto.
    2. Durante a realização das ações de pesquisa, fique atento(a) para o registro detalhado das ações nos diferentes formatos que for possível: textos, fotos, vídeos, áudios, animações. Esses materiais serão importantes para a etapa posterior de estruturar uma apresentação multimídia dos resultados do projeto (na Unidade 4). Você também pode orientar seus estudantes para o uso de diferentes ferramentas estudadas neste curso, adequadas para o compartilhamento dos dados coletados e descobertas feitas.
    3. Ainda, nesta perspectiva de acompanhamento do desenvolvimento do Projeto, sugerimos que você registre, no AVEA, o andamento das atividades desenvolvidas e as tecnologias e mídias empregadas, de forma que você possa dialogar com seus colegas e formador e/ou esclarecer eventuais dúvidas. Ser cooperativo(a) é fundamental nesse processo, ou seja, acompanhe os relatos dos colegas e apresente comentários e sugestões, quando achar pertinente.
    4. Ao final do período estipulado para a pesquisa, analise o previsto e o realizado, comparando o plano de aula inicial com o que se concretizou nessa etapa de pesquisa com os estudantes.
    5. Faça uma síntese, em uma apresentação usando o LibreOfficeImpress, contendo:

    • atividades desenvolvidas durante a etapa de pesquisa do projeto, principais estratégias realizadas com os estudantes;
    • tecnologias e mídias empregadas;
    • conhecimentos, atitudes e procedimentos mobilizados ou aprendidos pelos estudantes.

    6. Utilize essa análise para reelaborar o plano de aulas no arquivo em formato de texto, atualizando de acordo com a realidade do que foi realizado.
    7. Salve o documento na pasta “Meus documentos”, atribuindo-lhe um nome que facilite sua identificação da seguinte forma: ativ_3-5_Maria J.
    8. Poste a atualização também no seu blog.
    9. Após receber o parecer avaliativo de seu formador, insira o Plano de Aula reelaborado no Portal do Professor.

Projeto e Currículo

Analisar o diálogo entre dois professores:

Professor 1: Trabalhei dois meses com projetos e não sei o que os alunos aprenderam.

Professor 2: Meus alunos aprenderam a escrever textos no computador, inserir figuras, a navegar na internet, trazer novas informações, trocar ideias com os colegas.

Professor 1: Mas, sobre conceitos formais relacionados às áreas de conhecimento, o que será que o aluno aprendeu?

Essas inquietações dos professores nos levam a questionar sobre o conceito de currículo e as contribuições das tecnologias ao desenvolvimento do currículo. Assim, tratamos, neste curso, de um conceito de currículo situado historicamente, que trabalha tanto com o conhecimento organizado, sistematizado, aceito socialmente e selecionado em estruturas previamente concebidas como do conhecimento que o aluno traz de seu contexto, da vida, mas que não se limita ao conhecimento cotidiano. Logo, o currículo não é apenas uma lista de conteúdos prontos a serem transmitidos aos alunos e não se esgota na aplicação do conhecimento a experiências do cotidiano.

Currículo e ensino

Currículo e ensino não são sinônimos, embora sejam conceitos inter-relacionados. Assim, a elaboração de um currículo depende diretamente da concepção de conhecimento, ensino e aprendizagem que se tem. Registramos que o currículo tem sido orientado à transmissão de conhecimentos socialmente válidos e resultantes de uma seleção organizada intencionalmente com o objetivo de que o aluno alcance determinados resultados. Enfatizamos, no entanto, que o desenvolvimento do currículo, na realidade da escola e no contexto da sala de aula, vai além das grades curriculares e envolve toda a escola, a vida dos alunos, o entorno escolar, os acontecimentos locais e globais que interferem no sistema de relações estabelecidas na dinâmica do processo educacional.

Destacamos, portanto, que uma educação voltada à construção de uma sociedade justa e igualitária, que respeite as diferenças e os diferentes, trabalha no sentido de ampliar os direitos dos educandos às ciências, às artes, à cultura, às tecnologias de comunicação e informação e às múltiplas linguagens de expressão e comunicação que constituem os sistemas simbólicos de uma sociedade.

A integração de tecnologias de informação e comunicação permite, com efeito, interligar essas duas vertentes em novas práticas pedagógicas com o uso da internet e web, o que proporciona expandir as situações de aprendizagem e englobar a complexidade crescente do conhecimento, da ciência e da tecnologia.

Figura 3.2 Currículo e ensino

Ademais, o uso dessas tecnologias em processos de aprendizagem propicia o registro digital das produções dos alunos, criando condições para que seja possível identificar as dificuldades e os avanços dos alunos, bem como reconhecer o que foi trabalhado do currículo prescrito e o que foi integrado, que vai além do previsto em planos e livros didáticos e também é trabalhado na escola.

Na tentativa de expressar o entendimento de como as tecnologias devem compor o currículo e integram a outros componentes presentes no desenvolvimento do currículo, Almeida (2010) explica o significado do verbete webcurrículo:

É o currículo que se desenvolve por meio das tecnologias digitais de informação e comunicação, especialmente mediado pela internet. Uma forma de trabalhá-lo é informatizar o ensino ao colocar o material didático na rede. Mas o web currículo vai além disso: ele implica a incorporação das principais características desse meio digital no desenvolvimento do currículo. Isto é, implica apropriar-se dessas tecnologias em prol da interação, do trabalho colaborativo e do protagonismo entre todas as pessoas para o desenvolvimento do currículo. É uma integração entre o que está no documento prescrito e previsto com uma intencionalidade de propiciar o aprendizado de conhecimentos científicos com base naquilo que o estudante já traz de sua experiência. O web currículo está a favor do projeto pedagógico. Não se trata mais do uso eventual da tecnologia, mas de uma forma integrada com as atividades em sala de aula.(ALMEIDA, 2010, não paginado)

Assim, para melhor compreendermos o conceito de currículo e como as tecnologias se integraram ao currículo dos projetos desenvolvidos durante este curso, convidamos você a refletir, na próxima atividade, individualmente ou com seu grupo, sobre as questões propostas:

Atividade 3.6

Conceito de currículo e o processo de integração de tecnologias ao currículo

Caso você tenha realizado o Projeto em grupo, é importante que seja promovido um momento para debate das questões a seguir, se não, tente refletir sobre as mesmas individualmente. De toda forma siga as orientações explicitadas nesta atividade, no Ambiente Virtual, de como registrar e compartilhar as suas reflexões com seus colegas.

    • Os conteúdos identificados no projeto desenvolvido com seus estudantes estão inseridos no currículo formal?
    • Você consegue inferir quais foram os conceitos, as atitudes e os procedimentos desenvolvidos que não estavam previstos no currículo formal ou não foram explicitados no plano de aula elaborado?
    • Os conceitos, as atitudes e os procedimentos utilizados fazem parte do currículo?
    • O que os estudantes aprenderam sobre o uso de tecnologias constituem parte do currículo?
    • Então, o que é currículo?

Para finalizar esse tema, vale, aqui, destacarmos um trecho da música “A toda hora rola uma história com samba e chorinho”, de Paulinho da Viola: “Que é preciso estar atento. A todo instante rola um movimento. Que muda o rumo dos ventos.”

Com essa ideia de mudança, ressaltamos o que Paulo Freire deixou registrado em inúmeras palestras: “Há necessidade de sermos homens e mulheres de nosso tempo que empregam todos os recursos disponíveis para dar o grande salto que nossa educação está a exigir”.

Atividade 3.7

Reflexões em Diário de Bordo – Unidade 3

Registre seus avanços, reflexões e questionamentos sobre currículo, projetos e tecnologias, tópicos principais desta unidade.Escrever uma autoavaliação e uma avaliação do curso no espaço próprio do Ambiente Virtual; em seguida, faça um registro a respeito do conteúdo, da metodologia e da atuação do formador neste curso.

Síntese

Esta foi uma unidade plena de intervenções na prática pedagógica, as quais lhe proporcionaram a oportunidade de contextualizar o tema de que trata a Unidade “Currículo, projetos e tecnologias”, com a experimentação da Pedagogia de Projetos. Certamente, foram vivências importantes para você e seus alunos perceberem as características do currículo construído por meio de projetos, com o uso de tecnologias.

Ao final de cada etapa cumprida, é interessante “olhar para trás” e perceber a diversidade de experiências vividas e aprendizagens construídas. Empolgue-se com as realizações! Usufrua, também, de possíveis equívocos; afinal, eles nos oferecem questionamentos instigantes que nos mobilizam a avançar, transformando nossas dúvidas temporárias em novas certezas provisórias. Mantenha acesa a chama da busca por novas aprendizagens, e esse ciclo se renovará sempre, visto que seu potencial para aprender é ilimitado!

Por falar em não ter fim, saiba que boas surpresas ainda estão por vir... Na próxima Unidade, você conhecerá diferentes mídias e possibilidades de sistematização do conhecimento, excelentes para você estruturar, com seus alunos, produções para a culminância do Projeto.

Referências

ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini de. Como se trabalha com projetos (Entrevista). Revista TV ESCOLA. Secretaria de Educação a Distância. Brasília: Ministério da Educação, SEED, n. 22, março/abril, 2002.

________________. Maria Elizabeth de Almeida fala sobre tecnologia na sala de aula (Entrevista). Revista Nova Escola. São Paulo, 2010. Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/planejamento-e-avaliacao/avaliacao/entrevista-pesquisadora-puc-sp-tecnologia-sala-aula-568012.shtml. Acesso em: 15 nov.2012.

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ARRIADA, Mônica Carapeços. Audioaula em Podcast.Informática na etapa de pesquisa de um Projeto de Aprendizagem. 1 CD-ROM. Editora Ministério da Educação. Secretaria de Educação a Distância. Brasília, 2010. Disponível em http://eproinfo.mec.gov.br/webfolio/Mod86886/unidade%203/aud
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CORTELLA, Mário Sérgio. Cuidado com a preparação para o futuro. In: CBN A rádio que toca notícia. Disponível em: http://cbn.globoradio.globo.com/comentaristas/mario-sergio-cortella/2012/11/09/CUIDADO-COM-A-PREPARACAO-DO-FUTURO.htm. Acesso em: 15 nov. 2012.

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DEMO, Pedro. Pedro Demo aborda os desafios da linguagem no século XXI. Jornal Nota 10, Curitiba – PR. Entrevista concedida em: 07 de Julho de 2008. Disponível em: http://eproinfo.mec.gov.br/webfolio/Mod86886/unidade%203/
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DUTRA Ítalo Modesto; PICCININI, Carlos Augusto; BECKER, Julia Lângaro; JOHANN, StéfanoPupe; FAGUNDES, Léa da Cruz. blog, wiki e mapas conceituais digitais no desenvolvimento de Projetos de Aprendizagem com alunos do Ensino Fundamental. RENOTE –Revista Novas Tecnologia na Educação, v.4, n.2, dez. 2006. Disponível em: http://eproinfo.mec.gov.br/webfolio/Mod86886/unidade%203/25
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FAGUNDES Léa da C, SATO, Luciene; MAÇADA, Débora. Aprendizes do futuro: as inovações começaram. Cadernos Informática para Mudança em Educação. MEC/SEED/ProInfo, 1999. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me003153.pdf. Acesso em: 15 fev. 2013.

FREIRE, F.M.P.;PRADO, M.E.B.B. Projeto pedagógico: pano de fundo para escolha de software educacional. In: VALENTE, J. A. (Org.). O computador na sociedade do conhecimento. Campinas: Nied-Unicamp, 1999. p. 111-129.

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MOREIRA,Suely Aparecida Gomes. Tempo e clima: qual a diferença? Iniciação Científica –

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