Atividade 1.2
Identidade do Professor
As questões propostas fizeram, provavelmente, você rever algumas de suas
características, preocupações, ideais e expectativas diante das novas demandas
da sociedade atual. Além disso, na atividade realizada, você teve a
oportunidade de conhecer as reflexões de alguns colegas de turma sobre o
assunto e pôde perceber que existem semelhanças e diversidades entre os pontos
de vista.
A partir de agora, discutiremos o papel do professor nesse cenário de
mudanças. Você já parou para pensar sobre isso? É difícil ser professor nos
dias de hoje? Antônio Nóvoa (2001,
não paginado) nos dá algumas pistas ao afirmar que
“[...] é difícil dizer
se ser professor, na atualidade, é mais complexo do que foi no passado, porque
a profissão docente sempre foi de grande complexidade. Hoje, os professores têm
que lidar não só com alguns saberes, como era no passado, mas também com a
tecnologia e com a complexidade social, o que não existia no passado. Isto é,
quando todos os estudantes vão para a escola, de todos os grupos sociais, dos
mais pobres aos ricos, de todas as raças e todas as etnias, quando toda essa
gente está dentro da escola e quando se consegue cumprir, de algum modo, esse
desígnio histórico da escola para todos, ao mesmo tempo, também, a escola
atinge uma enorme complexidade que não existia no passado.” (NÓVOA, 2001, não
paginado).
Figura 1.01 - Identidade do professor
Além das importantes considerações de Nóvoa a respeito da complexidade
que o professor enfrenta para exercer sua função, é importante resgatar as
bases sobre as quais a escola se constituiu, pautada na escrita e na
linearidade, e como os avanços tecnológicos atuais desafiam as rotinas e os
procedimentos consagrados na escola tradicional.
Raízes da Escola
A humanidade firmou seu processo de comunicação pela oralidade, o que
exigia dos envolvidos uma sincronia de tempo e um espaço para interagir. O
advento da escrita trouxe a possibilidade do registro e da construção da
ciência. Tal registro escrito se caracterizou pela linearidade e exigiu
ensinamento. Havia uma sintaxe que garantia, em cada língua, a expressão pela
escrita e a retomada de seu significado pelos interlocutores, os quais não
precisavam mais partilhar do mesmo tempo e espaço. A escola surgiu, então, para
tornar possível o acesso à escrita e à produção do que se queria dizer ou saber
por meio do código escrito.
Acreditou-se, durante muito tempo, que a estrutura e a linearidade da
escrita garantiam o mesmo entendimento a todos os leitores. Descobriu-se,
assim, que essa não era uma verdade garantida. Isso porque os textos são polifônicos, ao
contrário do que se acreditava ao tratar os textos como monofônicos.
A escola ainda não superou esse conceito monofônico por completo, e do
texto, sem falar na prioridade atribuída à linguagem verbal escrita, apesar de
todos os apelos sociais que exigem competências para o domínio de outras
linguagens. A evolução das TIC, por sua vez, apressa ainda mais uma mudança no
contexto escolar. Na cibercultura, os interlocutores de um processo de
comunicação podem ou não estar conectados simultaneamente, o que estabelece uma
relação diferente com os conceitos de contexto, espaço e tempo. A linearidade
cede lugar aos segmentos de uma enorme rede que libera o leitor para percorrer
caminhos não previsíveis em seu processo de leitura, pois o texto pode estar
repleto de hipertextos. Esse hipertexto, como explica Ramal (2000, não
paginado),
"[...] é algo
que está numa posição superior à do texto, que vai além do texto. Dentro do
hipertexto existem vários links, que permitem tecer o caminho para outras
janelas, conectando algumas expressões com novos textos, fazendo com que estes
se distanciem da linearidade da página e se pareçam mais com uma rede. Na
Internet, cada site é um hipertexto – clicando em certas palavras, vamos para
novos trechos, e vamos construindo, nós mesmos, uma espécie de texto.” (2000,
não paginado).
Com isso, as TIC trazem o desafio de lidar com a falta de
previsibilidade com que estudantes navegarão por textos e hipertextos, em
linguagens diversificadas. Para os professores, as tecnologias fortalecem a
necessidade de avançar em um trabalho pautado em uma polifonia sem fronteiras e
sem antecipação possível. O professor não vivenciou essa passagem enquanto
estudante, mas terá que apropriar-se desse novo jeito de ler, entender e ter
acesso a milhões de informações, a fim de atuar com competência em sua
profissão.
Leitura básica para a realização da atividade
O professor Antonio Nóvoa apresenta, nessa entrevista, realizada no ano
de 2001, o que é ser professor hoje, e os aspectos importantes da formação
continuada.
Entrevista com Nóvoa. O texto completo está disponível no Programa Salto para o Futuro
Como enfatizou Nóvoa (2001, não paginado) na entrevista, é impossível
imaginar uma profissão docente em que práticas reflexivas não existam. Para
tentar identificá-las e compartilhar com seus colegas suas opiniões sobre as
condições em que essas práticas podem se desenvolver, participe da Atividade
1.2.
Atividade 1.2
Quem sou como professor e aprendiz?
Refletir e compartilhar com os colegas
as suas reflexões acerca das seguintes questões:
· • O que é ser professor
hoje?
· • Quem sou eu
(professor) nesse contexto
A partir dessas reflexões, sobre como se constitui a identidade do
professor, Maria Umbelina Caiafa Salgado (2003, não paginado) diz que
"[...] podemos
distinguir na identidade do profissional da educação três dimensões
inseparáveis, pois ele é simultaneamente:
1. a. um
especialista que domina um instrumental próprio de trabalho e sabe fazer uso
dele;
2. b. um pensador
capaz de repensar criticamente sua prática e as representações sociais sobre
seu campo de atuação;
3. c. um cidadão
que faz parte de uma sociedade e de uma comunidade.” (2003, não paginado).
Essa tripla dimensão da identidade docente, apontada pela autora,
leva-nos a pensar que os educadores atualmente precisam:
• ter domínio do
conteúdo de sua área;
• entender os
processos de aprendizagem dos estudantes;
• saber ensinar,
criando situações que favoreçam o estudante a encontrar sentido para aquilo que
está aprendendo;
• conhecer e saber usar
as tecnologias disponíveis no sistema escolar; e
• entender as
implicações do uso das tecnologias e mídias nos processos de ensino e de
aprendizagem.
Figura 1.02 – Exemplo de Mapa Conceitual
Isso requer, portanto, a reconstrução da prática pedagógica do
professor, ou seja, do profissional que lida no seu dia-a-dia com os fatos que
emergem de realidades singulares. Assim, a reconstrução do conhecimento prático
é um processo que abarca a concepção de aprender a aprender ao longo da vida.
Mas, cabe perguntar, quais são as bases conceituais para a discussão do
processo de aprendizagem? O que é aprender a aprender? Como isso acontece ao
longo da vida?
No próximo item do nosso estudo, lançamos algumas ideias e sugerimos
leituras para que você possa aprofundar seus conhecimentos e debater com seus
colegas em um fórum, ou mesmo presencialmente, a partir da seguinte questão:
“quem sou como professor e aprendiz?”.
Um comentário:
Quem sou como professor e aprendiz?
Refletir e compartilhar com os colegas as suas reflexões acerca das seguintes questões:
•O que é ser professor hoje?
•Quem sou eu (professor) nesse contexto?
Apostar comentário no Fórum do e-Proinfo.
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