quinta-feira, 31 de julho de 2014

Unidade 1: Tecnologias de informação e comunicação na educação

Atividade 1.2 
 
Identidade do Professor
As questões propostas fizeram, provavelmente, você rever algumas de suas características, preocupações, ideais e expectativas diante das novas demandas da sociedade atual. Além disso, na atividade realizada, você teve a oportunidade de conhecer as reflexões de alguns colegas de turma sobre o assunto e pôde perceber que existem semelhanças e diversidades entre os pontos de vista.
A partir de agora, discutiremos o papel do professor nesse cenário de mudanças. Você já parou para pensar sobre isso? É difícil ser professor nos dias de hoje? Antônio Nóvoa (2001, não paginado) nos dá algumas pistas ao afirmar que
“[...] é difícil dizer se ser professor, na atualidade, é mais complexo do que foi no passado, porque a profissão docente sempre foi de grande complexidade. Hoje, os professores têm que lidar não só com alguns saberes, como era no passado, mas também com a tecnologia e com a complexidade social, o que não existia no passado. Isto é, quando todos os estudantes vão para a escola, de todos os grupos sociais, dos mais pobres aos ricos, de todas as raças e todas as etnias, quando toda essa gente está dentro da escola e quando se consegue cumprir, de algum modo, esse desígnio histórico da escola para todos, ao mesmo tempo, também, a escola atinge uma enorme complexidade que não existia no passado.” (NÓVOA, 2001, não paginado).
 
Figura 1.01 - Identidade do professor
Além das importantes considerações de Nóvoa a respeito da complexidade que o professor enfrenta para exercer sua função, é importante resgatar as bases sobre as quais a escola se constituiu, pautada na escrita e na linearidade, e como os avanços tecnológicos atuais desafiam as rotinas e os procedimentos consagrados na escola tradicional.
Raízes da Escola
A humanidade firmou seu processo de comunicação pela oralidade, o que exigia dos envolvidos uma sincronia de tempo e um espaço para interagir. O advento da escrita trouxe a possibilidade do registro e da construção da ciência. Tal registro escrito se caracterizou pela linearidade e exigiu ensinamento. Havia uma sintaxe que garantia, em cada língua, a expressão pela escrita e a retomada de seu significado pelos interlocutores, os quais não precisavam mais partilhar do mesmo tempo e espaço. A escola surgiu, então, para tornar possível o acesso à escrita e à produção do que se queria dizer ou saber por meio do código escrito.
Acreditou-se, durante muito tempo, que a estrutura e a linearidade da escrita garantiam o mesmo entendimento a todos os leitores. Descobriu-se, assim, que essa não era uma verdade garantida. Isso porque os textos são polifônicos, ao contrário do que se acreditava ao tratar os textos como monofônicos.
A escola ainda não superou esse conceito monofônico por completo, e do texto, sem falar na prioridade atribuída à linguagem verbal escrita, apesar de todos os apelos sociais que exigem competências para o domínio de outras linguagens. A evolução das TIC, por sua vez, apressa ainda mais uma mudança no contexto escolar. Na cibercultura, os interlocutores de um processo de comunicação podem ou não estar conectados simultaneamente, o que estabelece uma relação diferente com os conceitos de contexto, espaço e tempo. A linearidade cede lugar aos segmentos de uma enorme rede que libera o leitor para percorrer caminhos não previsíveis em seu processo de leitura, pois o texto pode estar repleto de hipertextos. Esse hipertexto, como explica Ramal (2000, não paginado),
"[...] é algo que está numa posição superior à do texto, que vai além do texto. Dentro do hipertexto existem vários links, que permitem tecer o caminho para outras janelas, conectando algumas expressões com novos textos, fazendo com que estes se distanciem da linearidade da página e se pareçam mais com uma rede. Na Internet, cada site é um hipertexto – clicando em certas palavras, vamos para novos trechos, e vamos construindo, nós mesmos, uma espécie de texto.” (2000, não paginado).
Com isso, as TIC trazem o desafio de lidar com a falta de previsibilidade com que estudantes navegarão por textos e hipertextos, em linguagens diversificadas. Para os professores, as tecnologias fortalecem a necessidade de avançar em um trabalho pautado em uma polifonia sem fronteiras e sem antecipação possível. O professor não vivenciou essa passagem enquanto estudante, mas terá que apropriar-se desse novo jeito de ler, entender e ter acesso a milhões de informações, a fim de atuar com competência em sua profissão.
Leitura básica para a realização da atividade
O professor Antonio Nóvoa apresenta, nessa entrevista, realizada no ano de 2001, o que é ser professor hoje, e os aspectos importantes da formação continuada.
Entrevista com Nóvoa. O texto completo está disponível no Programa Salto para o Futuro
Como enfatizou Nóvoa (2001, não paginado) na entrevista, é impossível imaginar uma profissão docente em que práticas reflexivas não existam. Para tentar identificá-las e compartilhar com seus colegas suas opiniões sobre as condições em que essas práticas podem se desenvolver, participe da Atividade 1.2.
 
Atividade 1.2  
Quem sou como professor e aprendiz?
Refletir e compartilhar com os colegas as suas reflexões acerca das seguintes questões:
·      O que é ser professor hoje?
·      Quem sou eu (professor) nesse contexto
 
A partir dessas reflexões, sobre como se constitui a identidade do professor, Maria Umbelina Caiafa Salgado (2003, não paginado) diz que
"[...] podemos distinguir na identidade do profissional da educação três dimensões inseparáveis, pois ele é simultaneamente:
1. a. um especialista que domina um instrumental próprio de trabalho e sabe fazer uso dele;
2. b. um pensador capaz de repensar criticamente sua prática e as representações sociais sobre seu campo de atuação;
3. c. um cidadão que faz parte de uma sociedade e de uma comunidade.” (2003, não paginado).
Essa tripla dimensão da identidade docente, apontada pela autora, leva-nos a pensar que os educadores atualmente precisam:
   ter domínio do conteúdo de sua área;

   entender os processos de aprendizagem dos estudantes;

  saber ensinar, criando situações que favoreçam o estudante a encontrar sentido para aquilo que está aprendendo;

  conhecer e saber usar as tecnologias disponíveis no sistema escolar; e

  entender as implicações do uso das tecnologias e mídias nos processos de ensino e de aprendizagem. 

Figura 1.02 – Exemplo de Mapa Conceitual

Isso requer, portanto, a reconstrução da prática pedagógica do professor, ou seja, do profissional que lida no seu dia-a-dia com os fatos que emergem de realidades singulares. Assim, a reconstrução do conhecimento prático é um processo que abarca a concepção de aprender a aprender ao longo da vida.
Mas, cabe perguntar, quais são as bases conceituais para a discussão do processo de aprendizagem? O que é aprender a aprender? Como isso acontece ao longo da vida?
No próximo item do nosso estudo, lançamos algumas ideias e sugerimos leituras para que você possa aprofundar seus conhecimentos e debater com seus colegas em um fórum, ou mesmo presencialmente, a partir da seguinte questão: “quem sou como professor e aprendiz?”.

 

Um comentário:

cloniresportes disse...

Quem sou como professor e aprendiz?
Refletir e compartilhar com os colegas as suas reflexões acerca das seguintes questões:
•O que é ser professor hoje?
•Quem sou eu (professor) nesse contexto?

Apostar comentário no Fórum do e-Proinfo.